Eu era uma jovem mulher com dois filhos na pré-adolescência e me deparei enfrentando um câncer de mama; tendo meu corpo, até então perfeito, sendo mutilado (assim como minha autoimagem e minha feminilidade), submetendo-me a um tratamento agressivo, encarando uma menopausa precoce e forçada, e ainda com a incerteza se viveria por muito tempo. E era ainda a mulher mais jovem de toda a família a lutar contra um câncer. Fiquei sem norte, a direção estava errada. Encontrei-me perdida no mundo, sem bússola, mapas, GPS, Waze, maps google e qualquer outro orientador. E como diz Caetano, – sem lenço sem documento.

Eu não podia retornar, não tinha para onde voltar. Mas eu não me abatia nas quedas, não havia sido talhada para abandonar a luta. Enquanto estivesse viva, eu queria e devia continuar. E continuava.

Gente, e tem como não continuar? A nossa única opção é decidir a forma como seguir em frente, apesar do imenso sofrimento de alguns.

Regina Fernandes


Nossa mente vive povoada de dúvidas, perguntas que nos fazemos e nem sempre temos coragem de levar para outros. Há momentos em que nos revestimos de coragem e vamos atrás das respostas que possam nos aliviar, ou nos libertar, ou pelo menos tornar o caminho mais conhecido.

Nesta série abordarei alguns temas que podem ajudar em nossas reflexões.