Vivemos banhados por um caldo emocional que alimenta e envolve todo o nosso corpo. Mal percebemos que as emoções nos conduzem, nos ajudam a tomar decisões, a ter vontade de seguir ou parar, rir ou chorar, amar ou odiar.

Algumas dessas emoções são claramente expressadas e aprovadas culturalmente porque denotam aparente sucesso, ausência de problemas, um ser autoconfiante e portador daquela autoestima tão acalentada em milhares de consultórios psicológicos.

De ilusão também se vive, porém não por muito tempo. E, quando percebemos que estamos perdendo ou nunca tivemos o bem que imaginávamos possuir, o castelo de areia se desmorona, o boneco de neve derrete e o corpo perde sua vitalidade. Chega o pranto, a tristeza, talvez transformada em choro, porque nem todos sabem chorar sua perda, qualquer que seja ela. Pois tristeza é expressão de entrega por algo que se desabou em nós. Jogamos a toalha.

Que bom, digo eu! Feliz aquele que pode viver sua tristeza sem culpa ou medo. E entregar-se ao momento de isolamento, de silêncio, de pesar e de poder pensar. Não é possível transformar uma dor sem vivê-la e esgotá-la. É nesse esvaziamento que podemos transformar uma experiência traumática em vivência amadurecida. E nos preenchermos novamente.

Há ainda a opção de calar lá no abismo do nosso interior essa dor, fingir um sorriso parco e seguir claudicante. Algum tempo se passará, não sem chegar a cobrança da queda que arrebata e tira qualquer resquício de energia que possa manter uma pessoa em pé: a depressão que vem com suas cobranças bem mais atrozes e difíceis de serem superadas.

por Regina Fernandes, psicóloga

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